quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

EMOÇÃO


Falar de Amor costuma ser difícil, pois cada um ama de uma maneira diferente, deixo aqui um texto de Pietro Ubaldi para que possam fazer algumas reflexões sobre o que é “amar a si próprio”, qual o significado da paixão em suas vidas, e o que você colocaria como elemento básico de um amor autêntico.




CÃNTICO DA DOR E DA PAIXÃO – PIETRO UBALDI



No silêncio da noite intensa, eu escuto o cântico de minha alma.
Um cântico que vem, de muito longe e que traz consigo um sabor de infinito.
As coisas dormem e a voz canta.
Eu velo e escuto, porque a noite escuta comigo.
O mistério que existe em mim é o mistério das coisas:
Dois infinitos se olham, se sentem, se compreendem.
Lá embaixo, pela margem deserta, além da vida, o cântico responde,

as sombras despertam, e,das profundezas,

todos os seres me estendem os braços e me dizem:
“Não temas a dor, não temas a morte; a vida é um hino que não tem fim.”
Eu os olho;

e perdôo à sarça a inocente ferocidade de seus ásperos espinhos;

perdôo à fera sua garra;

à dor sua investida, ao destino sua angústia, ao homem sua inconsciente ofensa.
“Perdoa e ama”, diz o meu cântico.
E eis que ele possui uma estranha magia;

os seres todos me olham como duendes,

e cai o espinho, cai a garra, cai a ofensa...
E, pouco a pouco,

ignorantes e cheios de espanto,

a magia do amor os vence e comigo recomeçam o hino, lentamente:

a harmonia se dilata, se espalha e ressoa em toda criação.
Sobre cada espinho nasceu uma rosa;

sobre cada dor, uma alegria;

sobre cada ofensa, uma carícia de perdão.
Abro os braços ao infinito e os seres todos, em falanges,

me estendem os braços , me falam novamente:
“Canta”, dizem-me –

“canta, cantor do infinito; nós te escutamos.

Teu cântico é amor, teu cântico é alegria, nós te acompanhamos.

Teu cântico é a grande lei, teu cântico é a grande festa da vida.

Teu canto é a luz que afugenta o ódio;

é a luz que afugenta a dor.

Canta, canta, cantor do infinito.”
“E eu canto!
Meu corpo sofre, e eu canto!
Meu corpo morre.... e eu canto!”


Texto : Pietro Ubaldi
Foto: Nieta Ede - Barbacena - Pontilhão - Natal 2010

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