PESSOA.
Andei por caminhos já andados e caminhados, hoje com andadores diferentes, mas amigos do coração.
Passamos por curvas, serras, céu azul, até chuva choveu.
Entre quaresmeiras que enfeitavam todo o percurso comecei a pensar em Fernando, sentindo uma saudade muito profunda, pensamento célere rompeu a distante eternidade, e meus olhos, coração, ouvidos percorriam o infinito.
Vou até a casa de Fernando, não a de Assis, nem de Simões, me perdoem, amigos queridos.
Mas à casa de Pessoa, lá por trás os montes. Ouvir o sussurro do Tejo, o tocar dos sinos, o perfume do alecrim.
Pessoa, Pessoa, onde? Onde encontrar-te?
Onde estás, por acaso, a Guardar os Rebanhos de Caeiro; ou
Desassossegado entre as páginas do livro de Bernardo?
Pessoa ouviste quando nas curvas da serra, na estrada de terra te procurei?
Ouviste minha voz, sentistes que chamava a ti?
Teria Campos ou talvez Reis te mostrado os caminhos de Minas?
Explica-me qual a razão desta saudade, da lembrança. Estavas ali, entre as montanhas a observar árvores, pássaros e até corujas?
Quem me levou a ti? Álvaro, Ricardo, talvez Alberto, quem sabe Soares.
Tantos outros, tantos poemas escritos, não escritos, pensados, não pensados.
Cantastes para Ofélia seus lindos versos, teria ela recebido flores, encantos e contos?
Fostes conosco contornando a serra, entre amarelos, verdes de várias tonalidades, até Piedade? Viste Petrônio pedindo Claudia em casamento e lhe dando a Lua de presente? Márcia e Miriam procurando por ti entre um arbusto e outro?
Riu conosco, percebeu quando encheram-se de lágrimas os meus pensamentos?
Magia, pura magia, Pessoa estiveste ali presente e ninguém sentiu, só eu, somente eu.
Nieta Ede – Barbacena, 25 de Março de 2012
FOTO: https://www.google.com.br/search?q=fernando+pessoa