sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Os dons

Narra uma lenda de autor desconhecido que um homem entrou em uma loja e se aproximou do balcão.

Quem estava a atender era uma criatura maravilhosa. Tão bela que parecia uma fada, dessas saídas de um conto infantil.

O homem olhou para os lados e perguntou: O que é que você tem para vender?

Com um sorriso lindo, a jovem respondeu: Todos os dons.

O homem arregalou os olhos, manifestando interesse, e quis saber qual era o preço. Seria muito caro?

Não, foi a resposta. Aqui, nesta loja, tudo é de graça.

Ele olhou, maravilhado, jarros cheios de amor, vidros repletos de fé, pacotes de esperança e caixinhas de sabedoria.

Resolveu fazer o seu pedido: Por favor, quero muito amor, um vidro de fé, bastante felicidade para mim e toda a minha família.

Com presteza, a moça preparou tudo e lhe entregou um embrulho muito pequeno, que cabia na sua mão.

O homem se mostrou surpreso e perguntou outra vez:

Será possível? Está tudo aqui mesmo? É tão pequeno o embrulho!

Sorrindo sempre, a jovem falou: Meu querido amigo, nesta loja, onde temos todos os dons, não vendemos frutos. Concedemos apenas as sementes.

* * *

As sementes das virtudes se encontram em nós. Somos a loja dos dons. O que necessitamos é investir na semeadura.

Se desejamos que frutifique o amor, é preciso que nos disponhamos a amar. E o exercício começa quando executamos bem as tarefas que nos constituem dever. Prossegue no trato familiar, com pais, irmãos, cônjuges e se amplia no rol das amizades.

Depois, atravessa a cerca dos afetos e passa a agir entre aqueles que simplesmente encontramos na rua, no ônibus, no mercado, no banco.

A fé não é adquirida de rompante. Necessita ser pensada, estudada, reflexionada. O exercício inicia com a contemplação da natureza. Os dias frios, os dias quentes, o sol, a lua, as estrelas, as árvores que balançam ao vento e as flores multicoloridas nos jardins.

Alonga-se com a visão dos mundos, das coisas infinitamente pequenas e daquelas infinitamente grandes. A harmonia de tudo nos remete a uma confiança irrestrita, uma certeza inabalável que se chama fé.

A felicidade frutifica quando, plenos de amor e de fé, vivemos cada dia com intensidade, sem igual, saboreando cada minuto como se fosse o único, o último, o derradeiro.

* * *

Mudar é um ato de coragem. É a aceitação plena e consciente do desafio.

É trabalho árduo, para hoje. É trabalho duro, para agora.

E os frutos seguramente virão no amanhã, talvez não muito distante.

Mas, quando temos certeza de estar no rumo certo, a caminhada é tranquila.

Quando temos fé e firmeza de propósito é fácil suportar as dificuldades do dia-a-dia.

Pensemos nisso. Invistamos nas virtudes ainda hoje.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. Dons, de autor desconhecido e no cap. É preciso sentir a mudança lá dentro, de R. Anatoli Oliynik, do livro Momentos de luz, organizado por Hiran Rocha, v. 1, ed. Kuarup.

Em 20.01.2012.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Serviço Desinteressado

Foi durante um período de férias. Carlos havia se dirigido a um acampamento isolado, com a família. Quando se deu conta, o carro estava enguiçado.

Tentou dar a partida e nada. Caminhou para fora do acampamento, muito nervoso. Pelo caminho ia descarregando a sua raiva com palavras grosseiras, que foram abafadas pelo cantar das águas do riacho próximo.

O problema era bateria descarregada e Carlos resolveu ir até a vila a pé. Eram alguns quilômetros de caminhada.

Duas horas depois, com um tornozelo torcido, ele chegou a um posto de gasolina.

Como era domingo de manhã, o lugar estava fechado. Mas havia um telefone público e uma lista telefônica quase se desmanchando.

Ele telefonou para a única companhia de autossocorro da cidade vizinha, que ficava a uns trinta quilômetros de distância.

Um tal de Zé atendeu e o acalmou. Ele deveria chegar ao posto de gasolina, mais ou menos em meia hora.

Enquanto esperava o socorro chegar, Carlos ficou a imaginar quanto aquilo tudo lhe deveria custar. Finalmente, um reluzente caminhão-guincho chegou e eles foram para a área do acampamento.

Quando o Zé saiu do caminhão, Carlos o observou e ficou espantado. Zé tinha aparelhos na perna e andava com ajuda de muletas.

Enquanto se movimentava, Carlos ainda pensou qual seria o preço de tamanha boa vontade.

Mas Zé era um sujeito animado. Enquanto foi providenciando a carga elétrica para a bateria, distraiu o filhinho de Carlos com uns truques de mágica.

Tudo pronto. Carro funcionando, Carlos perguntou quanto devia.

Nada, respondeu Zé.

Não é possível, falou Carlos. Hoje é domingo, tirei você de seu descanso, você rodou tantos quilômetros, resolveu meu problema. Preciso lhe pagar.

Não mesmo, disse o Zé. Há alguns anos, alguém me ajudou a sair de uma situação pior do que esta, quando perdi as minhas pernas.

E tudo o que o sujeito que me auxiliou disse, ao final foi: "Passe isso adiante. Você não me deve nada. Apenas se lembre de passar isso adiante, quando tiver uma oportunidade."

E então, hoje, tive a oportunidade de ajudá-lo. Foi ótimo. Vá para sua casa, com sua família e quando puder, ajude alguém, porque precisamos sempre uns dos outros.

* * *

Nunca deixe de ajudar a quem quer que seja.

Para isso você não precisa de dinheiro, posição social relevante ou poder.

Pode ajudar pela palavra gentil que gera estímulos preciosos.

Pode ajudar auxiliando seu vizinho com as crianças, enquanto a mãe delas se encontra em recuperação, no hospital.

Pode ajudar encaminhando alguém a uma instituição própria para socorro devido, se não puder socorrer você mesmo.

Pode, enfim, se tornar, onde se encontre, um microfone fiel a serviço do bem, auxiliando os caídos a se erguerem, os adormecidos a despertarem, os errados a se corrigirem e os agressivos a se acalmarem.

Assim agindo, descobrirá que a sua vida possui um grande significado e que a sua tarefa principal é servir e servir sempre.

Redação do Momento Espírita, com base em história de autoria desconhecida e com pensamentos do cap. CLXXXVIII, do livro Vida feliz, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

Em 12.01.2012.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Sobre a duração de um arco-íris

Se um arco-íris dura mais do que quinze minutos, não o olhamos mais.

A constatação é do filósofo alemão Goethe e representa muito do que vai na alma humana, nestes dias.

Nós, da geração do imediato, do prático, do instantâneo, acabamos tendo dificuldade em nos demorarmos em qualquer experiência que seja, mesmo que prazerosa.

Por que será que muitos de nós acostumamos com a beleza e, então, deixamos de contemplá-la?

Por que será que muitos nos habituamos com as coisas boas que temos na vida e deixamos de valorizá-las?

Alguns não observamos mais as estrelas como se, depois de algum tempo, perdessem sua grandiosidade, seu mistério e deixassem de ser interessantes.

Alguns esquecemos de olhar o pôr-do-sol. Afinal, ele acontece todo dia e talvez não nos surpreenda mais...

Outros deixamos de admirar a esposa, o marido, os filhos, como se esses arco-íris, que temos ao nosso lado, perdessem suas cores ao longo da convivência.

Alguns ainda deixam de se deslumbrar com a própria existência, após alguns anos de luta, esquecendo que cada dia é um novo milagre, uma nova chance, um novo arco-celeste multicolor.

De tão focados no trabalho e nas questões práticas da vida cotidiana, que aprendemos a ser, acabamos nos tornando grandes distraídos.

Sim, distraídos no sentido de esquecidos, pouco atenciosos no que diz respeito às questões mais importantes da existência.

Por isso, em alguns momentos na vida precisamos parar tudo. Parar até de pensar tantas coisas ao mesmo tempo.

As técnicas de meditação nos ensinam este valioso hábito: limpar a mente. Pensar numa coisa de cada vez. Pensar em algo por muito tempo, sem deixar que a mente fique pulando de galho em galho.

Precisamos aprender a observar cada arco-íris até o fim, saboreando esses instantes de maravilhosa beleza, sem deixar que passem, assim, correndo, ou tão rápido, como dizemos popularmente.

A pressa não é apenas inimiga da perfeição mas também da alegria, do deleite e das emoções verdadeiras.

* * *

Pare e observe.

Pare e observe algo simples mas fascinante, como a disposição dos galhos numa grande árvore. Imagine quantos seres têm sua moradia ali, escondidos, mas vivos e atuantes no ecossistema.

Pare e observe uma porção de água qualquer: um pequeno lago, uma poça ou até mesmo a água dentro de um copo.

Perceba o comportamento dela quando se gera alguma vibração. Note a forma das ondas.

Coloque a ponta de um dos dedos e sinta a temperatura, a forma com que ela o envolve.

Pare e observe uma criança dormindo. Acompanhe a calma da respiração, a paz de sua expressão, a beleza dos traços...

Pare e observe a vida, os dias, as pessoas. Pare e observe o amor, onde quer que esteja.

Nossa alma se acalma, ganha forças e se aproxima do Criador, sem esforço, sem tensão.

Pare e observe...

Redação do Momento Espírita.

Em 02.01.2012.