sexta-feira, 20 de abril de 2012

Os que servem à Pátria
Ruy Barbosa foi um dos homens mais brilhantes de seu tempo.
Como jurista, político, diplomata, escritor e orador, deixou sua contribuição ao povo brasileiro de uma forma toda especial.
Um dos intelectuais mais sábios de seu tempo, foi um dos organizadores da República e coautor da Constituição da Primeira República juntamente com Prudente de Morais.
Ruy Barbosa trabalhou na defesa do Federalismo e do Abolicionismo e na promoção dos direitos e garantias individuais.
Em especial, sua noção a respeito de Pátria e de patriotismo é verdadeiro tesouro que temos na literatura brasileira. E que merece ser melhor estudado.
Eis um breve extrato de texto seu a respeito do tema:
A Pátria não é ninguém: são todos. E cada qual tem noseio dela o mesmo direito à ideia, à palavra, à associação.
A Pátria não é um sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo: é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade.
Os que servem são os que não invejam, os que não infamam, os que não conspiram, os que não sublevam, os que não desalentam, os que não emudecem, os que não se acobardam, mas resistem, mas ensinam, mas esforçam, mas pacificam, mas discutem, mas praticam a justiça, a admiração, o entusiasmo.
Porque todos os sentimentos grandes são benignos, e residem originariamente no amor.
No próprio patriotismo armado, o mais difícil da vocação, e a sua dignidade, não está no matar, mas no morrer.
A guerra, legitimamente, não pode ser o extermínio, nem a ambição: é simplesmente a defesa. Além desses limites, seria um flagelo bárbaro, que o patriotismo repudia.
* * *
Será que estamos servindo nossa Pátria?
Será que não estamos nos perdendo, por vezes, na pura e maldosa difamação do país?
Em muitas situações,trazemos o vício da maledicência também para as questões envolvendo o desenvolvimento de nosso Brasil.
Fala-se mal por falar mal e pronto. Critica-se, acidamente, sem apresentar soluções, como se o país fosse um caso perdido da história humana na Terra.
Os que servem são os que não difamam e também os que não desalentam, pois enxergam nos outros brasileiros seus irmãos de caminhada.
Estamos juntos, num mesmo contexto político-social, por uma razão especial. Nascemos onde precisamos nascer, seja por compromisso com esta terra ou por missão bendita, que nos coloca a serviço do bem em solo brasileiro.
Os que não emudecem são os que fazem sua parte, seus deveres de cidadão consciente, e só assim exigem seus legítimos direitos.
Não se acobardam diante das lutas, dos desafios frequentes e necessários, pois sabem que toda vitória exige estudo, trabalho e dedicação.
Por isso ensinam... Ensinam o amor nos lares e nas ruas: amor à família, ao próximo, ao Brasil.
Os que servem à Pátria são os que pacificam a si mesmos, tornando-se missionários do amor, do entendimento, como um Ruy Barbosa, como um Ildefonso Pereira Correia, um Chico Xavier, e tantos outros.
Será que estamos servindo nossa Pátria?
Pensemos nisso...
Redação do Momento Espírita com base no livro Obras
completas de Ruy Barbosa, tomo 1, ed. Baraúna
Em 20.04.2012.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Fazendo as malas


Quando uma longa viagem surge na vida de alguém, várias são as providências a tomar.
O indivíduo começa um planejamento de longo prazo, com calma e tranquilidade, para tudo poder executar a tempo.
Aos poucos vai se inteirando das informações do país em que irá morar.
Busca conhecer seus aspectos culturais, o clima, a alimentação, os hábitos locais.
E, antes de partir, aos poucos vai se desfazendo das coisas de menor importância, doando alguns pertences, passando a frente outros objetos, descartando as coisas inúteis que no tempo foi guardando.
Pondera o que efetivamente lhe é de grande valia para poder carregar consigo. Repensa em como irá conduzir a vida, a partir de uma nova morada. E aquilata as novas experiências que lhe serão possibilitadas com a viagem.
Como sabe que os anos no exílio lhe serão longos, despede-se dos amigos, não desesperadamente, mas com lágrimas de até breve.
Dá à família as instruções necessárias para sua ausência, para que tudo corra de maneira adequada e para que sua falta não lhes seja um grande fardo.
E assim se vai preparando, para que o dia da viagem não lhe chegue de forma súbita e inesperada, encontrando-o com a mala por fazer e com os preparativos ainda por se concluírem.
* * *
Assim se dá com nosso regresso ao mundo espiritual. É a viagem inevitável que todos faremos de retorno à nossa pátria, deixando a Terra que nos é escola bendita e redentora.
Como a viagem está marcada para todos e apenas desconhecemos a data da partida, que possamos aos poucos avaliar como estamos, caso logo mais sejamos convidados a voltar para casa.
Será que nos despediremos de nossos entes queridos com a tranquilidade de quem sabe que irá reencontrá-los um dia?
Será que já nos desfizemos do peso desnecessário e improdutivo que carregamos em nosso coração? Afinal, ele será a única mala que carregaremos.
Será que já nos desapegamos das coisas daqui, que hoje, por mais importantes que sejam, logo mais não terão serventia, quando partirmos?
Não poucos a morte do corpo físico arrebata de maneira despreparada e surpreendente.
Vivem como se a vida física fosse a de eternidade, sem refletir em momento algum sobre a fragilidade da existência humana, esquecendo-se que imortal é a alma, porém jamais o corpo.
Dessa forma, útil será que todos possamos, vez ou outra, refletir sobre a vida e seus valores.
Saber que ela vai muito além dos limites do corpo físico faz com que cada um de nós, aos poucos, vá arrumando as malas para a inexorável viagem de volta a casa.
Redação do Momento Espírita.
Em 13.04.2012.