Pecado e pecador
A sociedade humana possui a tendência de separar os elementos que a compõem.
De um lado,
há os que apresentam aspectos positivos de comportamento.
Caracterizam-se pelo cumprimento dos próprios deveres e
por não representarem perigo para os demais.
De outro,
colocam-se os considerados perigosos ou indesejáveis.
Há quem afirme que os direitos humanos deveriam
ser assegurados apenas para as denominadas pessoas de bem.
Já em relação aos demais, nutre-se, muitas vezes de forma velada, o desejo de que sejam exterminados.
É com dificuldade que são tolerados,
mas sem muitas considerações para com suas necessidades ou dores.
Não se advoga que a sociedade deixe de se acautelar contra o mal, onde e como se apresente.
É preciso mesmo prevenir os vícios e as tragédias que engendram.
Contudo,
urge, a título de combater o desequilíbrio,
não odiar o desequilibrado.
A respeito, há uma interessante passagem na Terceira Epístola de João Evangelista.
Nela,
o Apóstolo exorta a que se siga sempre o bem.
E afirma que quem faz o bem é de Deus, mas quem faz o mal não tem visto a Deus.
Veja-se que ele não separa os homens entre bons e maus.
Não os divide entre justos e pecadores.
Não assevera que alguns são de Deus e outros não.
Apenas afirma que quem faz o mal tem-se mantido distante do Pai Celestial, não O tem visto.
Trata-se de uma visão lúcida e justa da realidade humana.
Quem já luta para cumprir seus deveres milita entre os Espíritos que começam a compreender o Pai.
Já os desequilibrados,
os desonestos e os violentos
ainda não conseguem pressenti-lO.
Como autênticos e graves enfermos espirituais, causam dores para si e para os outros.
Incapazes de compreender o funcionamento das Leis Divinas,
semeiam tragédias em seus caminhos.
Lamentáveis, mas ainda assim humanos, amados filhos de Deus.
Seus atos devem ser contidos, para o bem de todos.
Mas eles próprios precisam ser educados.
A principal lição do Evangelho é a fraternidade.
Jesus foi enfático ao afirmar que os sãos não necessitam de médico.
Assim,
é despropositado que quem se afirma cristão
deseje o extermínio de seus irmãos mais infelizes.
O homem caído não é alguém a ser aniquilado.
Ele representa a ovelha perdida, o precioso filho pródigo, na belíssima linguagem evangélica.
Importa,
pois, rever
o sentir em relação aos conceitos de pecado e pecador,
de crime e criminoso.
Lute-se contra o crime, mas amparando quem se lhe enredou nas malhas tenebrosas.
Que jamais se deseje a desgraça para quem já é em si muito desgraçado.
Do Evangelho,
extrai-se com clareza não haver vitória sem união.
Apenas da vivência da genuína fraternidade é que surge a paz, pessoal e coletiva.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 122, do livro Pão nosso, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.
Em 22.03.2011.
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